Desculpem lá, mas não conseguem esconder nem com golas e tolos que Rui Rio obteve uma grande vitória pessoal.
Nenhuma das figuras que podia eventualmente pretender enfrentá-lo se chegou hoje à frente a comentar a renovação das listas – se quiserem, uma purga quase estalinista, que afastou todos os indesejáveis.
E esse silêncio é ensurdecedor.
Montenegro nem deixou que o nome aparecesse. Albuquerque não pode evitar que um reconhecido levantasse o seu nome. Mas Albuquerque tem mais vaidade que poder – como o episódio atesta.
Soares está em bicos de pés – é um daqueles seres que só se distinguem na multidão quando esbracejam.
A retumbante vitória pessoal de Rio é melhor ou pior para as contas eleitorais do partido?
Os media ultras passam a mensagem do apocalipse, claro. Mas sendo esse o spin o melhor a fazer é olhar para o oposto.
Rio não deverá salvar o PSD de uma derrota copiosa. Mas imaginemos que tinha feito uma lista de consenso, incluindo os esbracejantes seres e 1 ou 2 sargentos fiéis aos generais na sombra. Nesse caso o partido apresentava-se na campanha eleitoral como um partido sem rumo, um albergue espanhol de tendências sem uma liderança efetiva, em vez de um partido corajoso com um líder destemido à procura do seu lugar ao sol. O que acham que rende mais votos no eleitorado do centro e da direita?
Se Rio com os seus tiver 25%, Rio com os dos outros teria 22, 23%.
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Paulo Querido, ex-jornalista.